Contra o quê protestam os Brasileiros?Que dúvida...
Compreensível que haja ainda quem ouse levantar esta questão,
estando os motivos tão óbvios. Trata-se de estratégia – mais uma – de
propaganda e marketing voltada a dividir, confundir e diluir o
movimento.
Assim como acontece na Europa, nos EUA e em várias outras Nações
da América Latina, os protestos estão voltados CONTRA A GLOBALIZAÇÃO.
Pontualmente, cada grupo de pessoas que consegue se levantar – apesar e
contra os partidos, sindicatos e políticos profissionais – apresenta
modestas pautas de reivindicações que vão de uma redução em R$
0,20 no preço das passagens de ônibus em São Paulo, capital, passam pela
exigência da extinção da cobrança de pedágio entre duas pequenas
cidades contíguas no Espírito Santo e chegam a coisas menos concretas,
porém mais
relevantes como “o fim da corrupção”.
Contra os impostos mais extorsivos da História do Brasil
Desde
os tempos coloniais, os donos do poder taxam os brasileiros sem haver
retorno social algum dos impostos cobrados. Houve alguns
curtos períodos de exceção, como durante o governo Vargas que, apesar de todos os seus defeitos foi um dos últimos brasileiros a merecer o título de PATRIOTA;
seu ato final, atrasar a imposição da Ditadura Militar no Brasil por 10
anos com um tiro no peito é prova cabal de
sua verve em defesa do povo brasileiro. Odiado pelos
estadunidenses que precisaram amargar 10 anos até que novas condições
propiciassem a implantação de mais uma ditadura militar num país
periférico como as plantadas em todos os da América Latina, era chamado
de “populista”.
Pessoalmente o considero POPULAR.
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Eram
outros tempos, a Via Láctea como um todo estava num ponto distante do
Cosmo e o Planeta Terra, em torno do Sol, se situava fisicamente bem
longe de onde hoje se encontra.
Mais distante, contudo é a ideologia da classe dominante.
Se naqueles tempos se conseguia administrar o país em sua forma
republicana com impostos em torno de 7% de tudo o que se consumia, com
um ministério tão enxuto que era
possível – e cobrado em provas de “Educação Moral e Cívica” –
sabermos os nomes dos pouquíssimos Ministros de Estado e suas pastas,
hoje, pagamos mais de 60% de tudo o que produzimos com o nosso trabalho
em impostos que não revertem em nosso benefício, com o escárnio
suplementar da
comemoração anual – por parte dos cobradores dos impostos mais
altos de toda a História do Brasil – do 21 de Abril, data marcante de um
levante contra o excesso de impostos brasileiros para a colônia e que
chegavam a 20% (o chamado “Quinto dos Infernos”); em 2013 pagamos TRÊS
QUINTOS DOS INFERNOS em impostos e os governantes têm a
desfaçatez de celebrar o 21 de Abril como Data Cívica. Curiosamente,
embora este seja um dos cernes de todos os problemas por que estamos
passando, não há registro de maiores protestos nas celebrações anuais do
21 de Abril...
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Protesto contra a falta de educação
Ainda me lembro de como, em minha infância, era comum brincarmos
na calçada ou na pracinha perto de casa (sempre caiada, bonita, jardins
bem cuidados e brinquedos diversos à disposição da criançada) sem medo
algum, fosse de balas perdidas ou dos crimes mais hediondos que o Brasil
contemporâneo amarga. Ia sozinho a pé para a escola – que ficava
próxima de casa, possibilitando à Senhora minha Mãe monitorar cada
passo até a entrada no estabelecimento de ensino público; sim, pois o
ensino privado era castigo para quem não gostava de estudar naquele
tempo.
Lembro-me de ver o pai de um coleguinha a ameaçá-lo severamente:
ou você leva seus estudos a sério ou serei obrigado a te matricular
numa escola PPP (Papai Pagou, Passou). Atualmente as escolas PPP se
chamam “Instituições de Ensino Privado” e mantém o mesmo nível medíocre
de
ensino, vitaminadas que são pela queda no padrão do Ensino
Público excelente que tínhamos há 2 ou 3 décadas.
Seguramente um dos motivos que levam as pessoas às ruas em protesto é a
queda brutal e brutalizante no padrão de ensino (público, mas também
privado) em nosso país, com professores mal
remunerados e despreparados, classes abarrotadas e ausência
total de material de apoio ao ensino (exceções, vale lembrar, servem
para confirmar a regra, não o contrário, como a mídia brasileira gosta
de apresentar) resultando em gerações seguidas de estudantes dos vários
níveis que
chegam a se formar sem conhecer o assunto estudado. Muito comum
que um aluno chegue a uma faculdade privada sem saber ler ou escrever –
compreende as palavras, letra por letra, mas não entende nem consegue
interpretar o que está escrito. Termina-se o ensino médio (quando o
jovem já
está com seus 17 ou 18 anos de idade) sem conhecer adequadamente
sequer as quatro operações matemáticas e as modificações no idioma
português impostas por força de lei obrigam os professores a aceitar
qualquer forma como “válida” para fins de aprovação.
Assim como não temos mais um conjunto de Leis a formalizar o pacto
social brasileiro (a constituição promulgada em 1988 está, na prática,
revogada, sepultada por um sem-número de Emendas
Constitucionais, frequentemente contraditórias, permitindo aos
juízes proferir suas sentenças usando, para seus propósitos, as Emendas
mais apropriadas) tampouco se obedece ao padrão Erudito da Língua
Portuguesa. Em redações para concursos, valem as abreviaturas e
cacofonias usadas
na Internet (vc, tb, fds, kkkkk...) e mesmo na linguagem
coloquial vulgar “nós veio”, “nós foi”, “nós vai entrar para dentro
depois sair para fora”, “fulano vai vim” e por aí vai. Haja...
Sem Educação de Qualidade, como se constrói uma Nação? Os
administradores atuais deste setor administrativo – como o de vários
outros das esferas federal, estadual e municipal – merecem o
repetido epíteto de “Exterminadores do Futuro”!
Protesto contra a Imprensa Mentirosa
Em várias ocasiões, desde junho passado, a cobertura jornalística se
faz do alto, de helicópteros ou, na “melhor” das hipóteses, com
jornalistas disfarçados, infiltrados entre os
manifestantes e ocultando as logomarcas que identificam a
empresa de propaganda midiática que representam.
Os ataques a veículos da Globo, da Record, da Bandeirantes e outras
deixam clara a insatisfação dos manifestantes que veem reportadas
naqueles veículos de comunicação o contrário do que
aconteceu de fato.
Em qualquer greve, as empresas de propaganda midiática a soldo do
Mercado de Capitais e de seus representantes em postos governamentais,
enfatizam ad nauseam o desconforto
causado pelas manifestações e se calam (ou mentem
descaradamente) acerca dos MOTIVOS que levam tantas pessoas às ruas
reivindicando alguns de seus direitos subtraídos.
Os saques a supermercados e a crescente onda de suicídios entre os
brasileiros desesperados sequer encontra espaço nas empresas de
propaganda midiática...
Protesto contra o envio do nosso dinheiro aos banqueiros
Cenas de bancos depredados são apresentadas como “atos de vandalismo”,
mas a fundação de um Banco não é apresentada como “ato de banditismo
explícito”. Com a saúde e a educação sucateadas
pelos sucessivos desgovernos desde que o Brasil foi levado, pelo
PSDB, a aderir à Imposição de Wall Street, aqui chamada de “consenso de
Washington” ou “plano Real”, não raro os recursos de nossos impostos
são “contingenciados” e, a seguir, remetidos a banqueiros portugueses,
espanhóis, gregos e outros com as empresas de propaganda
midiática a dourar a pílula e dizer sandices como “governo brasileiro
envia tantos milhões para ajudar a Grécia”. Menos inverídico seria dizer
o que de fato se faz: o envio de dinheiro para que banqueiros gregos
paguem suas
dívidas para com o Banco Central Europeu, sem que o povo grego
veja sequer um centavo da tal “ajuda”.
Os recursos amealhados através dos impostos extorsivos que pagamos são
portentosos. Ao invés de aplicá-los na melhoria de serviços públicos de
Saúde, Educação, Infraestrutura ou Geração de
Empregos os comissários a serviço das corporações e dos bancos
desviam o nosso dinheiro para os mais aquinhoados. É como se fôssemos
pacientes terminais num Centro de Tratamento Intensivo de um Hospital
qualquer a transfundir nosso sangue para que gente gorda, saudável e
forte
assim permaneça. O cúmulo da falta de patriotismo ou
consideração para com os seres humanos que, trabalhando, geram a riqueza
da Nação.
Protesto contra os Institutos de Pesquisa
Dia desses li na Folha de S. Paulo, um jornal que já teve seus dias de
credibilidade, uma frase mais ou menos assim: “o governo brasileiro
destina cerca de R$ 30 milhões para o programa “Bolsa Família”,
contudo, a situação próxima ao pleno emprego em que nos encontramos
dificulta a implantação de programas “portas de saída” desta dependência
governamental” – Vixe! Quanta mentira e contradição numa frase só!
Passo a
passo:
Se a “Bolsa Família” está aí em torno de R$ 100,00, a Folha, na frase
citada, reconhece a existência de 300.000 chefes de família desempregados – conditio sine qua non
para receber o malefício (conhecido vulgarmente como
“benefício”). A estes, podemos somar os cerca de 30 milhões de
brasileiros possuidores de carteira de trabalho que recebem outro
malefício conhecido como “benefício”, o “Seguro Desemprego”. Isso a
qualquer tempo que se consulte a
página do Ministério do Trabalho e Emprego – e quem “cantou a
pedra” foi Carlos Lupi pouco antes de ser cassado por corrupção, dizendo
algo como: “as pesquisas falam em menos de 2 ou 3% de desemprego, como é
possível que estejamos pagando o Seguro Desemprego a quase 40% dos
trabalhadores? Precisamos fazer um corte!” Em outras palavras, e
como de hábito, tanto os comissários dos donos do poder quanto o
“respeitável público”, quando em face de todas as evidências em
contrário, acredita mais na propaganda que na realidade em que vive!
Saudades da Folha no tempo em que o PT parecia merecer o título de
Partido DOS TRABALHADORES e havia revisores a perceber PELO MENOS que
não é possível falar em “Bolsa Família” e “Pleno
Emprego” na mesma frase...
Protestos contra a ausência de representatividade
Depois
que os protestos começaram – parece que o Brasileiro está acordando...
Devagar ainda, timidamente, incerto e inseguro quanto a “o quê
pleitear”, mas acordando... – o governo federal, ou seja, os
comissários dos donos do poder convocaram as centrais sindicais
para fazer “um dia de protesto” – remunerado com o nosso dinheiro ao
valor de R$ 70,00 por cabeça – com reivindicações serôdias, algumas
incompreensíveis à maioria como “Fim do Fator Previdenciário”
(pouquíssima gente
sabe o que é isso e menos ainda de que maneira isso poderia
beneficiar, de alguma forma, os aposentados num quadro em que os
comissários dos donos do poder podem tomar medidas que anulem os efeitos
de um eventual fim do fator previdenciário...); “Reforma Política” –
assim não dá...
Reforma Política feita por ESSES políticos que estão no poder? O
Brasil já passou muito do momento em que algum tipo de “reforma”
poderia servir pelo menos como paliativo para alguma coisa. Precisamos
mesmo, sejamos francos, de uma RUPTURA INSTITUCIONAL.
Os comissários dos bancos, das corporações e dos jogadores da bolsa
encastelados no Executivo, Legislativo e Judiciário já demonstraram
cabalmente a que vieram. O Brasil precisa de
representantes do povo no poder. Fora com esse comissariado
espúrio.
Há muito escrevo e dou palestras sobre a inocuidade do sistema
eleitoral brasileiro: as urnas eletrônicas são totalmente inadequadas,
nada confiáveis (aos que são convocados ao Serviço
Eleitoral Obrigatório; são confiáveis a quem as programa,
evidentemente...).
Para que tenhamos alguma representatividade seria necessário, para
começar, demitir todos os políticos e juízes que estão no exercício do
poder. O tecido social brasileiro está por demais
esgarçado, como analiso aqui http://www.culturabrasil.pro.br/noticiasdotartaro20052013.htm
Cúmulo
do escárnio: para culminar as desgraças que se abatem sobre os
brasileiros, o cidadão encarregado de encaminhar o processo eleitoral de
2014 será o Sr. José Antonio Dias Toffoli, um
camarada que jamais conseguiu ser aprovado em concurso público
para ser juiz e ganhou uma cadeira no STF como prêmio por serviços
prestados ao PT e ao Lula, contra a União, quando foi - PASME! -
Advogado Geral da União, contando em sua folha corrida ainda o desvio de
R$ 700 milhões
do governo do Acre – que não desmente, mas afirma: já caiu em
exercício findo, o processo foi arquivado por decurso de prazo – ESTE
cidadão já é Ministro do Tribunal Superior Eleitoral e sobre ele não
paira a menor suspeita de honradez ou honestidade. Vamos mal...
Uma curiosidade, contudo: os donos do poder, em sua ganância e avidez
por lucro fácil já decidiram que o grupo atualmente no governo (PT e
seus asseclas) deve ser substituído. Pelo andar da
carruagem, “os mercados” deverão apontar o Partido Verde e seus
asseclas para substituir a atual quadrilha.
Não. Não há o que possamos fazer pacificamente. Seremos convocados a
nos apresentar nas ZONAS eleitorais no dia marcado para nossa prestação
do Serviço Eleitoral Obrigatório, mas nada do que
digitemos ou venhamos a dizer fará a menor diferença. Como de
costume, por volta de 3 horas da manhã do dia das eleições a Folha de S.
Paulo anunciará o resultado 5 horas antes do início da votação e, ao
longo do dia, todo o processo será transformado, como de hábito, num
espetáculo circense em que os palhaços somos nós que nada
decidimos em urnas pré-programadas.
Como o que “os mercados” exigem do próximo grupo político encarregado
de gerir seus interesses no governo gira em torno de “flexibilização da
legislação trabalhista” e “maior abertura ao
capital estrangeiro” a única certeza que se pode ter é que
assistiremos, viveremos e vivenciaremos o mesmo filme de terror em
cartaz desde que FHC implantou por aqui a Imposição de Wall Street
(“consenso de Washington” ou “Plano Real”) a única modificação – SALVO
UM DESPERTAR MAIS
VIGOROSO DOS BRASILEIROS – será a dos personagens do drama de terror que continuará e se aprofundará.
A propósito, considerando-se os debates entre os “economistas” e
intelectuais venais nos meios de comunicação a próxima quadrilha será a
do Partido Verde (podendo, eventualmente, voltar os
tucanos se estes concordarem com a agenda preparada pelos donos
do poder, claro).
E
o povo? E nós? Se seguirmos no marasmo e sem um NORTE para as
manifestações ciclotímicas e não unificadas, teremos nossas vidas
pioradas por um bom pedaço com as empresas de propaganda
midiática a enfatizar o contrário; que, apesar de nossa nítida
impressão de estarmos há mais de 20 anos vivendo cada vez pior,
“melhoramos”...
ACORDA, BRASIL!
Lázaro Curvêlo Chaves - 5 de agosto de 2013
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segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Contra o quê protestam os Brasileiros?
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